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Release para o lançamento  do livro no Festival de Gramado 2004

A resposta para a pergunta “Que prêmio é mais brasileiro, o Kikito ou o Oscar?” parece óbvia. No entanto, se o dicionário é a coletânea dos vocábulos de uma língua, seremos surpreendidos pela presença do Oscar e a ausência do troféu do Festival de Gramado. O livro Entre a estatueta do Oscar e o Oscar da estatueta, do fotógrafo e pesquisador de cinema Tom Lisboa, procura explicar como este prêmio atingiu tal dimensão no mundo contemporâneo ao analisar a transformação desta imagem a partir de um intervalo de tempo definido: um em 1929, quando olhar a estatueta remetia apenas à figura de um guerreiro dourado segurando uma espada; e outro, na atualidade, em que o Oscar, como imagem, encontra-se desreferencializado de seu objeto original. Em outras palavras: de tanto ser protagonista de um espetáculo televisivo que espetaculariza a vida de pessoas reais, a própria vida acabou sendo convertida em uma espécie de show contínuo. Foi-se o tempo em que havia a separação entre real e imaginário, signo e coisa.

De acordo com o autor, o tema da pesquisa surgiu em decorrência da forma como este prêmio se aproximou de nossa cultura. Além de constar de nosso dicionário, o Oscar extrapolou os limites do cinema e virou uma espécie de “sinônimo da excelência”. Por isso, o livro traz dois anexos curiosos: um com 74 exemplos do uso do nome do Oscar pela imprensa, que vão dos já comuns, “Oscar da Música” ou “Oscar da Televisão”, até os mais singulares como o “Oscar do transporte aéreo” ou o “Oscar da farmácia de manipulação”; e outro, que mostra como a silhueta da estatueta do Oscar se metamorfoseu em troféus de competições nacionais ligadas às mais variadas áreas de atuação como, por exemplo, o Prêmio Victor Civita (educação), o Troféu Imprensa (televisão), entre outros.

O que torna Entre a estatueta... diferente de outros livros do gênero é a decisão de deixar de lado a análise do mérito da premiação e, principalmente, não enfocar aspectos sensacionalistas e curiosidades de bastidores. Se curiosidades existem (e são muitas), não são pelo fato em si, mas como elas podem servir de suporte para reflexão. Tom desconstrói gradualmente a imagem do Oscar, buscando, nas suas partes elementares, explicações para o fenômeno que hoje presenciamos. A teoria das quatro fases da imagem, de Jean Baudrillard, filósofo francês que afirma que “é perigoso desmascarar as imagens, já que elas dissimulam que não há nada por detrás delas”, é a principal base teórica que serve de fio condutor para a análise que tem três objetivos principais: identificar a formação do imaginário que circunda a estatueta, estudar a importância dos meios de comunicação na transformação da estatueta em seu próprio simulacro e analisar o caráter espetacular da cerimônia do Oscar em consonância com os tempos atuais.

Este estudo vem a público através de uma iniciativa da Prof. Drª Denize Correa Araujo, da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), que em 2004 idealizou a Coleção Recém-Mestre, visando publicar as dissertações do Mestrado em Comunicação e Linguagens que obtiveram nota máxima e indicação de publicação pela Banca de Defesa. Entre a estatueta do Oscar e o Oscar da estatuetaé é seu primeiro volume. Entendendo que a integração instituição de ensino-sociedade é de extrema relevância, ao publicar suas melhores dissertações, a UTP quer oferecer ao leitor temas de interesse na área de comunicação social e de interfaces midiáticas.


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