A exposição, que entra em cartaz
no MAC de Campinas a partir de agosto, reúne fotografias de oito
esculturas em papel-jornal, registradas sem auxílio de câmera fotográfica;
o artista se prepara ainda para o lançamento de seu livro sobre a evolução
simbólica do Oscar.
Vindo diretamente da Casa Andrade
Muricy, em Curitiba, chega ao Museu de Arte Contemporânea (MAC),
de Campinas, no dia 7 de agosto, a exposição fotográfica A
Fórmula Repaginada, do artista plástico e fotógrafo Tom Lisboa.
Um dos destaques da programação do espaço, ao lado da mostra fotográfica
"Retratos de Toda Gente", A Fórmula Repaginada poderá
ser visitada no MAC até 12 de setembro. Nela, o inquieto Tom Lisboa
retoma o exercício de incitar o público a refletir sobre a veracidade
da imagem fotográfica, que, em geral, é legitimada como prova
documental da realidade.
Nesta exposição o artista busca descondicionar o olhar do espectador
que já se acostumou a enxergar o jornal apenas como suporte de informações.
Ao todo, são oito imagens , de amplas dimensões, que utilizam como matéria-prima
as páginas de um jornal diário qualquer.
As páginas foram cortadas, moldadas e ganharam forma de esculturas
tridimensionais . Depois de prontas, foram escaneadas e impressas em
papel fotográfico . Uma técnica que , segundo o artista , se alinha
com o conceito da própria exposição , que busca explorar as
possibilidades de construção de sentido através do jornal e da
fotografia.
Apesar de o produto final ser 100% digital , neste trabalho Lisboa
partiu da arquitetura artesanal de recortes, colagens, sobreposições
e, principalmente, da construção de sentido com base em textos e
imagens . Ele afirma que todas as frases, palavras e números
selecionados obedecem um sentido pré-determinado. Nada foi aleatório.
"Esta é a diferença entre tirar e fazer fotos" , arremata o
artista .
Lisboa tem declarada predileção pela apropriação de imagens
provenientes dos meios de comunicação de massa, sobretudo jornais e
TV, como ferramenta de suas pesquisas. Em sua exposição anterior, a
recente Ficções Urbanas: O Documentário, por exemplo, o fotógrafo
realizou, no centro de Curitiba, uma intervenção de 20 outdoors-arte,
cada qual trazendo combinações de imagens "clicadas" a
partir de diversos programas de TV. Ficções Urbanas encerrou
uma trilogia iniciada pelas mostras "Doc Pop: Documentário de uma
Metrópole Qualquer" e "Seres Hurbanos". Nesses três
momentos, ele lidou com edição e apropriação de imagens televisivas,
utilizando um processo de reorganização da realidade por meio da
fotografia, para demonstrar como ela pode ser facilmente manipulada.
Agora, Tom Lisboa volta ao tema em "A Fórmula Repaginada",
só que fazendo uso das crônicas do dia-a-dia impressas em jornal. "Não
é uma crítica de acusação a este meio , mas um apelo à reflexão
sobre as semelhanças que os meios de comunicação de massa têm com a
própria fotografia , à medida que se valem dos mesmos recursos de
recorte , edição e manipulação . Além disso, optei por explorar um
viés poético e estético para tratar do tema."
Segundo a coordenadora do MAC-Campinas, Isabel Pagano, foi
justamente essa pesquisa de Tom Lisboa ligada à imagem e ao
descondicionamento do olhar, que chamou sua atenção e a fez convidá-lo
a expor no MAC. " Tom trabalha com o questionamento sobre até
que ponto uma imagem vale por mil palavras ; as leituras podem ser
diversas ", comenta Isabel.
Simultaneamente à "A Fórmula Repaginada" , o museu
abrigará outra exposição, "Retratos de Toda Gente" , que reúne
um acervo de fotos cedidas pela população de Campinas, incentivada por
uma campanha ligada à Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e
Turismo. A proposta é de que as fotografias contem um pouco da história
da cidade através de seus habitantes . "Uma ligação entre as
duas mostras estará presente num trabalho surpresa que Tom está
desenvolvendo especialmente para essa ocasião " , antecipa .
Oscar Paralelamente à exposição
"A Fórmula Repaginada , no MAC , Tom Lisboa se prepara para
o lançamento de seu livro "Entre a Estatueta do Oscar e o Oscar
da Estatueta", marcado para o dia 19 de agosto, no Festival
de Cinema de Gramado. O livro, o primeiro da coleção Recém
Mestre, editado pela Universidade Tuiuti do Paraná, reproduz na íntegra
sua dissertação de mestrado. Sob a orientação da professora doutora
Denize Correa Araujo, Lisboa traçou uma possível linha evolutiva da
imagem da estatueta do Oscar, desde 1929, quando não passava de um troféu
dourado, até os dias de hoje, ao se tornar um dos principais símbolos
da cultura de massa.
Lisboa enfatiza que, apesar de tantos anos de prêmio, não conseguiu
localizar na bibliografia referente ao universo do Oscar livros que não
fossem sensacionalistas ou recheados de fofocas e curiosidades. Fato
este que o impulsionou à elaboração de sua tese . Para o autor, o
mais importante é desconstruir o Oscar, para com essas partes menores,
entender o que é o prêmio e a maneira como ele é percebido pela
sociedade.
Exposição "A Fórmula Repaginada"
Data : 7 de agosto a 12 de setembro
Local : Museu de Arte Contemporânea de Campinas José Pancetti ( MACC )
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Endereço: Avenida Benjamin Constant, 1.633 - Centro .
Telefone: (19) 3236-4716.
Assessoria de Imprensa: Verve Comunicação
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