OUTRAS MATÉRIAS

Curtos-circuitos, arte fora da rede oficial e fontes alternativas de criação.
30/12/01, Gazeta do Povo, Caderno G, Newton Goto

O Bom do Tom

Estado de São Paulo, Coluna on line de João Magalhães

Salão Paranaense abre hoje no MAC como uma das edições mais enxutas
19/12/01, Gazeta do Povo, Caderno G, Adriane Perin

Retratos de uma cidade imaginária
04/06/01, Gazeta do Povo, Caderno G, Omar Godoy

Registros da metrópole
03/06/01, Gazeta do Povo, Caderno G

Seres Hurbanos
15/05/01, Gazeta do Povo, Caderno G

Fase seletiva encerrada
14/04/01, Gazeta do Povo, Caderno G, Rudney Flores

Curitiba conectada
12/01/01, Gazeta do Povo, Fun, Omar Godoy

Revelação - Aviões de Papel
Dez/00, Revista Criativa, Tânia Carvalho

Tentativa de aproximação
08/12/00, Gazeta do Povo, Caderno G, Adriane Perin

Artes plásticas no menu
08/12/00, Gazeta do Povo, Caderno G, Adriane Perin

Exercício do olhar pop
24/09/00, Gazeta do Povo, Caderno G, Humberto Slowik

Entrevista: Perfil Tom Lisboa - Tinturas Urbanas
27/08/00, Gazeta do Povo, Caderno G, Humberto Slowik

Artista em procedimento de decolagem
24/08/00, Gazeta do Povo, Caderno G, Omar Godoy


Artistas curitibanos saem dos guetos
26/08/99, Gazeta do Povo, Caderno G

Vôo e algo mais no Yutz
04/08/99, Gazeta do Povo, Caderno G, Roberto Nicolato

A ditadura do decorador

18/05/99, Gazeta do Povo, Caderno G, José Carlos Fernandes 


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Curtos-circuitos
arte fora da rede oficial e fontes alternativas de criação


NEWTON GOTO

O "Álbum de Viagem" de Ligia Borba guarda recordações fotográficas da encantadora ilha de Florianópolis. Nos registros não vemos a artista e os amigos brindando com copos de cerveja à efemeridade do momento, num instante que se congela. Tão pouco há vestígios dela vestindo seu chapéu de palha e óculos de sol durante um passeio de barco pela Lagoa da Conceição, ou em um flagrante mergulho nas águas da Joaquina. As fotos não registram os pontos turísticos, as imagens de cartão-postal. O que se revela é apenas o lugar-comum. O mesmo ponto de vista durante o dia e a noite – um ponto de ônibus, o mar, e ao fundo o continente. Repetição gerando diferença, álbum de viagem no qual a individualidade manifesta-se não pela autobiografia mas pelo jogo propositivo. Objeto pessoal que pode estar exposto a um público indeterminado.

O que os outdoors não mostram são inspiração para Carlos Henrique Tullio. Lugares no avesso da comunicação e das mensagens mercantis, a estética das vigas e estruturas de suporte. "Fundos de outdoor" – ensaio fotográfico, agora também em vídeo, em breve nos melhores outdoors da cidade! Videomaker zapeando outros canais de interesse, estabelece links com as artes plásticas e a atualidade, desde a apropriação, desconstrução e recriação das barras coloridas que indicam o estado "fora do ar" das programações televisivas, no vídeo Barras, até a filmagem do curta O Último Curador (de arte contemporânea), no qual um cego visita um museu vazio.

A fotografia é um dos instrumentos pelo qual Yiftah Peled recontextualiza a realidade. A inserção de seu próprio corpo na paisagem urbana, homem nu em luta livre com o mundo da mídia, da publicidade impune; frente a frente com os outdoors dominantes do espaço público. É o contra-ataque simbólico do indivíduo à opressão do mercado total, espetacular e onipresente. Incisão passageira e precisa de ordem subversiva. Há algo de heróico nesse enfrentamento, homem versus monstro criado por ele mesmo, luta na qual só a artimanha inventiva é arma eficiente de combate e compensação de forças. Davi e Golias, Prometeu e o roubo do fogo dos deuses, espírito de Macunaíma Documento fotográfico sobre a resistência da criatividade frente as ondas homogeneizantes do poder. Estratégias que revertem o golpe do oponente, aproveitando conteúdos como complementos do ato que se instaura.

As ações de Rubens Pileggi têm também na subversão uma aliada. Numa praça pública de Londrina existe uma estátua de uma santa, mas ninguém mais a vê; é o milagre invertido: a desaparição. É o esvaziamento total de sentido da coisa comumente chamada de escultura pública; sem diálogo com as pessoas e a vida cotemporâneas... Evidenciar essa discussão vestindo a máscara de Pânico sobre a cabeça da santa e entrevistando os transeuntes. O Grito de horror frente a anestesia da arte. Polêmica e acusações de heresia ressuscitam: "Santa Imaculada". Numa outra obra, uma fórmula de arte: Tunga + Cildo Meireles + Jac Leirner = Pescando Tubarões. No sistema das artes, há uma hora em que o reconhecimento sobre a produção de um artista transforma-o também em um fetiche. Obra composta com um "ímã"” de "magnéticos" e um "metro" de "fontes" através de um "procedimento de furto Jac Leirner", tudo amarrado numa linha de pesca e suspenso no ar. Cutucada na idolatria social sobre o artista, deixando a arte exposta ao crime de criar.

Relações entre arte e poder são matéria-prima do projeto "Ocupação", de Newton Goto. Táticas minimalistas em atrito com o contexto social da arte – objeto serial e industrial; diálogo com a arquitetura; acentuação da presença física do objeto – mas usando como matriz da multiplicidade o símbolo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Analogias entre o ato de ocupar uma galeria e um latifúndio. O aparente estado de equilíbrio formal do ambiente sendo tensionado pelas relações sociais de sustentabilidade do espaço expositivo. Reagindo às respostas obtidas, a proposta chega a migrar e integrar-se ao acampamento de sem-terras no Centro Cívico de Curitiba, em 1999. Num outro caminho em direção ao público os desenhos introPOP–OVERdozen foram para rua conversar com grafites, processos da mídia e meio urbano. Anotações e rabiscos de agenda do artista ampliados e plotados, inscrevendo-se na imensa parede de um prédio no centro da cidade. Conteúdos transpassando o cotidiano, buscando ecoar no inconsciente coletivo a partir de um EU-nos NÓS-me contínuo.

A arte do músico e performer Otávio Camargo propõe a instalação do inusitado. O inesperado está à solta e, de assalto, ainda que silencioso e até estático, constrói sua presença criativa, enigmática, leve e alegre. A ação "Pé com Cabeça", de 1995, é literalmente algo oposto ao que parece ser, alguma coisa sem pé nem cabeça. 24 pessoas, durante duas horas, denotando o fato sem metáforas: deitadas no petit pavé da Rua das Flores, em linha reta, pés com cabeças. Entre outros trabalhos, essa foi a segunda proposta realizada até agora de uma série de doze performances imaginadas por Otávio.

As atuações de Carla Vendrami evidenciam contextos sociais. Morando em Milão por mais de dez anos, ela aí realizou "Casina", juntamente com Antonella Orteli. A proposta constituiu-se de atividades contínuas desenvolvidas com detentas, vindo a transformar-se num projeto a ocupar uma tenda móvel e desmontável. O lugar não como algo pré-existente, mas como uma identidade coletiva a ser construída – desterritorialização, como desejos a preencher estruturas físicas, adições de memórias e utopias de cada indivíduo. O sentido político abrange diferentes estágios de compreensão: a participação, a alteridade, o convívio, a aproximação de quem está à margem. E uma percepção: entre as presidiárias mais dedicadas a construir o espaço social da "pequena casa" estavam aquelas que haviam sido confinadas justamente por terem cometido "crimes políticos"...

Já as ações de Gabriele Gomes na paisagem instauram lirismo e beleza. Marcas temporárias feitas na natureza; em riachos, rochas, praias, ondas e conchas. Pegadas com morangos, leite, mel... Alegoria do prazer primaveril, lençóis e travesseiros à mercê das marés do ócio. Orgasmos das ondas explodindo na brancura de espumas e purpurina. Delicados e sutis sinais de passagem, como os de uma Vênus de Botticelli que emerge do oceano deixando rastros de sua gênese. Imagens captadas em vídeo e fotos, ou fragmentos deslocados. Mas nem tudo é idílico, por enquanto, quando o humano é a medidas das coisas: no contato com o ambiente há também cicatrizes, tintas sintéticas ferindo o meio natural, pegadas com cacos de vidro dando indícios de que o belo pode armazenar a dor.

O lugar agora se faz de rogado. A ocupação artística do Museu de Arte Sacra de Curitiba feita por Tânia Bloomfield dialoga com a austeridade do local. O exercício escultórico disciplinado regra as relações entre metal e travesseiro, modelando, comprimindo e prendendo o corpo macio como uma doutrina religiosa age sobre a carne e o espírito. Travesseiro prensado, amarrado; enclausurado entre chapas metálicas, enjaulado em grades sob medida, deformado pela obstinação estética rigorosa, ascendendo às alturas como uma prática de tortura. Chapas, tiras e fios metálicos. O relicário desse templo expõe o "Opus", trabalho que mantém no ar uma certa pureza, uma luz ideal, alvura dos tecidos, sensação de leveza e eternidade; dissimulando, aparentemente, qualquer presença do mal. Em outra atuação, num projeto de arte em guardanapo paralelo a um festival gastronômico, Tânia fez circular pelos restaurantes suas "Regras de Ouro para uma Boa Performance à Mesa"; imprimindo no utilitário objeto uma elegante e conceitual condição artística.

Outras reflexões sobre local de exposição, trabalho coletivo e arte em espaço público fizeram presença nos anos 90. Ao aproximar arte, corpo e morte, Maria Inês Hamman causou choque, repulsa e angústia: feto, corações de boi e de galinha, larvas... ora como poesia rude, ora como um museu de anatomia dentro de uma exposição artística. Coordenado por Sandro Ribas, o Salão Magrista almeja o abandono da idéia de "obra de arte", propondo a "arte de saber viver". Os "magristas" estão atentos à realidade social e à possibilidade criativa oriunda de situações corriqueiras e materiais precários. O Festival de Inverno da UFPR, em Antonina, é um acontecimento que possibilita eventuais interferências na cidade, como as feitas por Otávio Camargo, Mônica Nador, Carla Vendrami, e a performance "Pele/Fronteiras", em 2000, realizada por Goto, Rubens, Debora Darós, Marli Wunter e outros. Lilian Gassen, Lívia Piantavini, Otávio Roesner, Raiza Carvalho e Tony Camargo, integrantes do grupo Pipoca Rosa, investem também na atitude, causando confusão após o sigiloso despejo relâmpago de dez mil pacotes de pipoca doce em frente a instituições de arte de Curitiba, enquanto outras remessas eram enviadas pelo correio para muitas pessoas e endereços, sem o nome do remetente... O trabalho de Liz Szczepanski incorpora materiais e tradições caiçaras enquanto TOM LISBOA fotografa o lugar não lugar das paisagens televisivas... O Centro de Artes, de Yiftah Peled; o Escritório de Arte Glauco Menta e o projeto Tarsila do Amaral; a escola de arte de Leila Pugnaloni; as exposições coletivas organizados por Edilson Viriato... Os eventos na Arcádia; as programações da Cia. do Abração, o Ciclo Multiárea do ACT... A internet, as revistas e jornais artísticos... A arte eletriza novos circuitos – muitos nem detectados ainda – volatiliza-se do estrito trânsito oficial e mercadológico, evidencia que o lugar que lhe cabe depende apenas dos desejos nos quais está imersa e de como o artista quer compartilhá-la com os outros.

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O Bom do Tom

O Tom Lisboa pinta, fotografa, é cenógrafo, bacharel em informática e expert em Comunicação e Linguagem. E um apaixonado por cinema. Seu trabalho e arte estão na Web, no Sintomnizado. São páginas simples mas substanciosas. Vale clicar nos links que levam às novidades cinematográficas e ler sobre a reestréia de 2001: Uma Odisséia no Espaço e o inesperado sucesso de 'Os Outros', novo filme de Nicole Kidman. Teatro, literatura, música e fotografia são assuntos tratados também com muito zelo porr esse curitibano versátil e ativo. Vale ver seu diário online, que traz comentários inteligentes, saborosos mesmo, e suas criações plásticas, a exemplo da série 'Vôo', inspirada em brinquedos de papel - cata-ventos, barquinhos e aviões. Muito interessante também é o 'Documentário Pop de uma Metróple Qualquer', com imagens capturadas da televisão. Tom exibe perfis de celebridades em todas áreas artísticas abrigadas pelo site. Destaque para um livro sobre James Dean, que pode ser lido na íntegra. Há ainda um link para uma instituição que desperta a curiosidade: a Sociedade Brasileira das Pessoas-Livro. O que é? Confira no site.

Análise Técnica:
Visual: leve
Navegabilidade: sem restrições
Conteúdo: saboroso
www.sintomnizado.com.br/
http://www.estadao.com.br/ext/tecnologia/joao/joaosites181001.htm

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Salão Paranaense abre hoje no MAC como uma das edições mais enxutas
Mínimo múltiplo comum
Cerca de 10% das propostas foram aceitas pela comissão julgadora

ADRIANE PERIN
Abre hoje, às 19 horas, no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC), mais uma edição do Salão Paranaense – uma das menores em termos numéricos, com 34 participantes. O cascavelense Luiz Carlos Brugnera conquistou pela terceira vez o prêmio máximo da mostra, este ano no valor de R$15 mil, com a obra "Escada Infinita", que faz parte da série intitulada Casa Conceitual. A carioca Elisa de Magalhães e o curitibano C. L. Salvaro levarão R$ 5 mil cada um.

Foram 317 inscritos e apenas 34 passaram pelo crivo da comissão julgadora composta por Violeta Franco, Fernando Bini, Nilza Procopiak, Rubens Pilegi e Walton Hoffman. Para o crítico e historiador de arte Fernando Bini, esta edição não traz inovações e ressente da ausência da "grande maioria dos artistas paranaenses que tem propostas novas a apresentar".

"A mostra é o nosso olhar sobre aquilo que nos foi permitido ver. Não tem que ser encarada como uma verdade. Nos expomos também ao mostrar, por exemplo, um trabalho que é composto, na verdade, de todas as pastas com as propostas apresentadas ao Salão", antecipa ele, comentando também alguns desencontros entre a proposta apresentada e a execução propriamente dita. "Alguns resultados não são o que imaginávamos. Mas nada que destoe demais", diz Bini, que vê nesta edição um certame construído pela cor – "cuja presença ou ausência se configura como a caracterísitca mais forte no conjunto selecionado".

Cascavelense – Brugnera, que começou a carreira em 94, foi gradativamente eliminando a figuração de suas obras. No caso da Casa Conceitual – cuja finalização será com duas obras que integrarão o projeto Rumos Itaú Cultural Artes Visuais 2001/2003, para o qual foi selecionado – uma tensão especial fica evidenciada. São obras que sugerem movimentos ao mesmo tempo que não permitem que eles se concretizem: é o caso de portas de correr que não podem ser movidas, escadas que seduzem e induzem a um caminho, mas não podem ser galgadas. "A não ser nos devaneios, quando, aí sim, o visitante pode ir aonde quiser. A intenção é instigar o imaginário", diz Luiz Carlos.

Brugnera se mostra relutante em esgotar sua atual fase nos salões – modalidade na qual é um campeão nacional, com mais de 20 prêmios, apesar de boa parte de seu currículo estar calcado nestes eventos e exposições coletivas. Ele fez apenas uma individual, reunindo obras que estavam em diferentes endereços, nunca mostrando inéditas exclusivamente. "Quero investir nas individuais, mas esses processos de seleção são importantes. Só não podem ser a inspiração. Eles têm que ser um instrumento do artista", observa.

Serviço: 58.º Salão Paranaense. Museu de Arte Contemporânea (Des. Westphalen 16). Abertura hoje às 19h. Permanece até 31 de março de 2002. Informações 41 321-4730 e 323-5328.

Os escolhidos

Adriana Dias (SP), Andréia Las (PR), Ângela Andrade (MG), Angelo Milani (SP), Anilina (PR), Bento (SP), Claudia Costa (PR), Connceyção Rodriguez (PR), Cristina Camara (RJ), Daisy Xavier (RJ), Dumas (PR), Eleonora Guiterrez (PR), Fernando Augusto (PR), Gleyce Cruz (PR), Grupo Aleph (PE), Hélio Eudoro (RS), Hugo Ferreira (RJ), Inês Fernandez (SP), Jocatos (PA), Juliane Fuganti (PR), Kelly Xavier (RS), Lucia Sandrini (PR), Malah (PR), Marcelo Scalzo (PR), Marga Puntel (PR), Marinaldo Santos (PA), Marlon de Azambuja (PR), Martha Gofre (RS), Osvaldo Marcón (PR), Paolo (PR), Paulo Carapunarlo (PR), Siani Trentin (PR), Tavares Fernandes (RJ), Thiago Honório (SP), Tom Lisboa (PR), Tony Camargo (PR).

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Retratos de uma cidade imaginária
Doc Pop: Documentário de uma Cidade Qualquer é a nova exposição de Tom Lisboa
Mostra utiliza recursos dos videoclipes e histórias em quadrinhos

OMAR GODOY
Tom Lisboa, um dos artistas mais produtivos do cenário curitibano, está de volta com a exposição Doc Pop: Documentário de uma Cidade Qualquer. A mostra, que começa hoje no Museu da Imagem e do Som (MIS), traz uma série de painéis com fotos de imagens extraídas da televisão. A partir desses fragmentos, Lisboa constrói uma cidade imaginária, mas universal. "Sou um apaixonado pelo espaço urbano, por isso quis documentar a metrópole que existe na minha cabeça", explica

De acordo com o artista, a montagem da exposição é tão importante quanto as fotos em si. Os painéis foram separados em salas diferentes, cada uma delas destinada a um aspecto do "documentário". São três planos: Humanos, Concretos e Percepções. As imagens são dispostas de uma maneira que lembra a narrativa das histórias em quadrinhos, mas a linguagem dos videoclipes também influencia o trabalho. "É um meio ágil, objetivo e sucinto", afirma.

Em Doc Pop, Tom Lisboa propõe uma reflexão sobre televisão e edição. "As pessoas não podem acreditar em apenas uma verdade, pois uma mesma notícia pode ter diversos enfoques diferentes. Quero mostrar como a edição é fundamental no entendimento dos assuntos e de que forma ela pode adulterar os fatos". Para isso, o artista destaca a importância da intertextualidade entre fotografia, quadrinhos, tevê e videoclipe.

Além de desempenhar atividades como artista plástico e fotógrafo, Lisboa também produz um interessante site na internet. O Sintomnizado, dedicado à divulgação das artes em geral, já conta com um público cativo e bem variado. "Quero que as pessas participem cada vez mais do site, é importante para mim trabalhar com gente diferente", diz.

Uma das melhores idéias da página é o Portfólio Virtual, espaço dedicado a qualquer artista interessado em divulgar sua produção. Com tanto trânsito de informação, o Sintomnizado já está quase virando um portal. Para conhecer o site, basta acessar www.sintomnizado.com.br.

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Registros da metrópole

Tom Lisboa abre a mostra de fotografias Doc Pop - Documentário de uma Metrópole Qualquer no Museu da Imagem e do Som (Rua Barão do Rio Branco 395, 0xx41 232-9113). A exposição traz fotografias que mostram o olhar do artista sobre o mundo contemporâneo e urbano, através das diversas faces de uma metrópole, registradas em seus detalhes mais corriqueiros. A mostra permanece para visitação até 21 de junho

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Seres Hurbanos

Tom Lisboa abre hoje, às 19 horas, no Design Café (R. Dr. Carlos de Carvalho 949, 0xx41 224-2597) a mostra de fotomontagens Seres Hurbanos, com imagens trabalhadas pelo artista plástico em torno do tema ser humano. Em pauta – as facetas do homem dos dias de hoje, nascido num ambiente urbano, influenciado em seus costumes e hábitos pela metrópole. Cada foto é formada por outras 1400 imagens menores que criam efeitos variados conforme o posicionamento do visitante.

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Fase seletiva encerrada
Festival de Curitiba será realizado entre 14 e 19 de maio

Mostra recebeu a inscrição de 284 trabalhos de todo o país

RUDNEY FLORES
A 5.ª edição do Festival de Cinema, Vídeo e DCine de Curitiba teve início esta semana com a seleção dos filmes que participarão da mostra competitiva a ser realizada entre os dias 14 e 19 de maio. O júri de pré-seleção – formado por Isa Castro (produtora), Denise Araujo (pesquisadora), Tom Lisboa (artista plástico), Rodrigo Jardim (jornalista) e Sérgio Pires (designer) – assistiu e analisou os 284 trabalhos inscritos no festival (59 curtas em 35mm, 22 em 16mm, 153 vídeos e 50 filmes digitais – Dcines).

"Foram 12 horas de trabalho por dia, de segunda até hoje (quinta-feira). Analisamos os trabalhos nos seguintes critérios pré-definidos: qualidade artística, tendências contemporâneas, ousadia, ineditismo e adequação da dramaturgia à linguagem cinematográfica", contou Isa Castro, presidente do júri. Segundo o grupo, boa parte dos filmes foi selecionada por consenso, abrindo-se votações em alguns casos. "Achamos todos interessantes. Só na categoria DCine (incorporada ao festival este ano) os trabalhos ainda não estão bem apropriados, pois é o começo do suporte e não há uma linguagem bem específica", revela Denise Araujo.

São Paulo (97), Rio de Janeiro (64) e Minas Gerais (52) foram os estados com maior número de inscrições. O Paraná foi representado por 34 produções. "Só não foram mais porque muita gente, por falta de recursos, não conseguiu finalizar a tempo de se inscrever no festival", lembra Cloris Ferreira, organizadora da mostra curitibana.

O júri não divulgou a lista final dos selecionados, mas adiantou que em película estarão representados trabalhos de sete estados do país e em vídeo de dez estados (a categoria DCine ainda seria fechada). "Pensamos em ter uma mostra eclética, para que o público tenha uma boa diversidade de estilos, afirma Araujo. "Em relação ao gênero, encontramos bons documentários, uma verve de humor interessante, principalmente em produções do Rio, mas tem de tudo, animação, experimental", confirma Rodrigo Jardim.

O Festival de Curitiba será realizado este ano novamente no Canal da Música e deverá ter como um dos destaques a apresentação de Bicho de 7 Cabeças, aguardado longa-metragem de Laís Bodanzky, vencedor do Festival de Brasília 2000 e que ainda não estreou nacionalmente.

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Curitiba conectada

OMAR GODOY

Além de facilitar a comunicação entre pessoas distantes, a interntet também consiste em uma forma de chamar a atenção para quem está bem perto de nós. Por isso, Se Link! resolveu tratar hoje de três sites curitibanos ligados ao tema cultura. Sintomnizado, Poesia Insana e O Bule são três exemplares de boas iniciativas locais.

Criado pelo artista plástico Tom Lisboa (autor da série Vôo), o Sintomnizado estreou no ano passado e oferece informações sobre cinema, televisão, teatro, literatura, pintura.... A página serve como meio de divulgação do trabalho de Lisboa, mas não deixa de ser uma forma de manter seu autor conectado com o mundo. Com seu visual limpo, o site tem como destaque os links sempre interessantes.

O premiado Poesia Insana também reveza assuntos pessoais e "universais". Sua idealizadora, a publicitária e escritora Greta Benitez, disponibiliza seus poemas, contos, fotos... A autora do livro Rosas Embutidas também criou sua própria rádio virtual, na qual mostra aos ouvintes/navegadores as peculiaridades de seu gosto musical.

O mais novo da turma é O Bule, no ar desde 14 de dezembro do ano passado. Administrado pela dupla André Scheinkmann e Luiz Gustavo Gevaerd, o site trabalha com indicações comentadas de filmes, peças, exposições e shows. Além da opinião dos colaboradores, a página ainda traz informações atualizadas e novidades da área cultural.

Se você é paranaense e mantém um site sobre qualquer assunto, mande um e-mail com o link para o Fun. Queremos saber a quantas anda a produção local de conteúdo para internet.

Sintomnizado - www.sintomnizado.com.br

Poesia Insana - www.geocities.com/gretabenitez

O Bule - www.obule.com.br

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Tentativa de aproximação
Bares atraem cada vez mais público num momento de entressafra das galerias

ADRIANE PERIN
Na avaliação de alguns artistas, os espaços não-convencionais ajudam na formação de público, já que a circulação nas galerias é mais restrita ao dia da abertura. Tom Lisboa acha que o Yutz pode se tornar referência para melhorias no circuito de visuais, já que tem um espaço separado, “longe da comida e bebida, com iluminação fantástica”. “O bar tem uma certa leveza e faz as pessoas sentirem-se mais descompromissadas. As galerias esvaziam enquanto o bar é quase a segunda casa de muitas pessoas”, pondera o artista que acredita em galerias “que conjuguem cinema, livraria, cafés, loja de venda de CDs”.

A informalidade também atrai Hamilton de Lócco, cujo trabalho tem duas fases. Uma mais acadêmica com exposições em salões, galerias e museus e outra fora do “mundinho das artes plásticas”. “Cansei da frescura desses lugares tradicionais. O bar tem uma vertente mais pop e está fora do circuito acadêmico, que é muito fechado e não é, definitivamente, o único caminho para um artista”, diz ele completando que não é por ser um bar que o “nível do observador será mais baixo”. Se esses lugares estão se fortalecendo, pondera ainda, é porque existe uma carência nos ambientes tradicionais para uma parcela de público (e artistas) que busca algo menos acadêmico.

O designer Maurício Pinheiro tentou transformar seu escritório num espaço artístico, mas a iniciativa não vingou. Talvez por ser num endereço distante do Centro (próximo ao Clube Juventus), ou pelo simples desinteresse do público potencial – mesmo com a reunião de artistas como Eliane Prolik, Cristina Mendes, Claudio Alvarez e Lígia Borba. A idéia repercutiu bem e recebeu bons comentários na imprensa, mas depois da abertura não teve mais visitação. “Era para que as pessoas pudessem conversar com os criadores”, conta Pinheiro, que não desistiu de fazer outra mostra no local.

Mesmo sem o resultado esperado, Maurício é um defensor da arte no bar como instrumento de difusão. A questão do espaço restrito, na opinião dele, só precisa ser driblada com imaginação. “Esculturas podem substituir uma cadeira, objetos podem ser pendurados e a fachada aproveitada”, opina o arquiteto, lembrando que Leila Pugnaloni levou obras monumentais para expor no Curaçao.

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Revelação - Aviões de papel

Ele sempre teve mania de fazer cursos. Aos 30 anos, o currículo do curitibano Tom Lisboa faz gosto: artista plástico, fotógrafo, bacharel em informática, com pós-graduação em marketing. A tudo isso ele pode somar a atividade de webmaster. Há três meses criou página na Internet dedicada à arte. Acessando www.sintomnizado.com.br, todos podem saber como foi o aparecimento do som no cinema e o impacto dessa nova tecnologia sobre os estúdios, público e atores. "Minha proposta é criar um veículo de informação e entretenimento para os visitantes, ser mais uma opção para artistas de qualquer área que queiram divulgar seu trabalho sem pagar nada, além de estar com meu portfólio sempre em exposição", já que começou a pintar aos 24 anos, "meio por acaso" e até 1999 encarava a arte como um hobby. "Um dia resolvi dar um tempo na carreira de analista de sistemas e resolvi ser artista plástico." A obra de Tom tem referências acumuladas através dos anos: fotografia, cinema, Volpi e Niemeyer, o que resultou na série Vôo, que é simbolizada por um avião de papel, "cuja anatomia exploro em outros ângulos".

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Artes plásticas no menu
Ambientes alternativos atraem público de museu e galerias e agradam artistas


Tom Lisboa teve uma experiência desastrosa, mas aposta nos bares. Uma mostra sua pôde ser vista recentemente no Alles Bier.

ADRIANE PERIN
As artes plásticas saíram definitivamente de seus sagrados templos – as galerias e museus – para dividir espaços apertados em bares e outros ambientes aparentemente pouco indicados para receber peças de valor artístico. A descontração e a informalidade desses lugares colaboram para aproximar público e arte e são grandes trunfos dos endereços alternativos. Sem o peso histórico-cultural – e acadêmico – que carregam galerias e museus, o clima menos sisudo dos bares desperta a curiosidade pelo artista.

Do outro lado está a poluição de interesses (paqueras, bebidas, conversas com amigos, sem falar em questões estruturais), que roubam a atenção das obras. Questão que parece bem resolvida para quem optou por esses locais, apesar de muitas vezes faltar estrutura para divulgação e de segurança para as obras.

A escolha das peças de acordo com o espaço é quase garantia do sucesso de uma mostra. Não se pode ignorar que locais como Curaçao, Beto Batata, Circus, Yutz, Alles Bier ou James são repletos de mesas e ficam entupidos de gente nos horários de visitação. Desenhos, fotografias ou pinturas de menor porte facilitam a ocupação do local, a circulação das pessoas e a observação das obras. “Isso não quer dizer de jeito algum que se deve escolher obras ‘menores’. É só saber aproveitar um espaço onde a arte não é o centro das atenções”, pondera a artista plástica Débora Santiago, que expôs no Curaçao e é gerente do Ibakatu Espaço de Arte.

Tom Lisboa, que expôs recentemente no Alles Bier, também pondera a favor dos ambientes alternativos, apesar de uma experiência desastrosa há cinco anos, quando uma peça voltou do McDonald's manchada de ketchup. Ele lembra que a cidade não tem espaços oficiais para abrigar todo mundo e tanto artistas quanto bares e público podem se beneficiar ao usar os ambientes adequadamente. “Os bares devem aproveitar essa carência e, quem sabe, se especializar em uma linguagem como fez o Beto Batata com a fotografia”, sugere Tom, que alerta para o risco de a arte ser um mero enfeite de paredes destes lugares.

Se há a possibilidade de atingir mais pessoas, por outro lado aumentam os riscos de acidentes já que é muita gente se acotovelando entre as mesas, mais dispostas a paquerar, lanchar ou conversar do que a apreciar uma pintura. Acostumada a galerias, Débora Santiago se mostra bastante receptiva a ambientes alternativos mas ressalta alguns pontos que devem ser levados em consideração. “As obras e os artistas ficam sujeitos ao espaço disponível e é preciso ter consciência disso para evitar problemas. Numa galeria também temos que nos adaptar, só que no bar as peças são coadjuvantes e provavelmente haverá menos estrutura para instalá-las”, observa ela, que foi convidada por um dos sócios do Era Só o Que Faltava para trabalhar como uma espécie de curadora informal, planejando exposições. “É importante a parceria entre o artista e o bar”, diz Santiago.

Foi o que fizeram a artista plástica Mazé Mendes e a promoter Barbara Magalhães, responsável pelas exposições no Curaçao, um dos primeiros a investir na periodicidade das exposição em um bar. “Não temos estrutura de galeria, mas tenho a preocupação de conversar com o artista para que entenda que é outro público e ambiente”, avisa Barbara.

A idéia deu tão certo que medalhões das artes plásticas querem expor no local que mantém uma saudável proximidade com ilustres desconhecidos do circuito, mas talentos promissores. “Esse preconceito de achar que só uma galeria pode ter arte de verdade vai acabar”, argumenta. Pela primeira vez Mazé Mendes expõe num lugar alternativo, acreditando em atingir um público diferente. Ela temeu pela falta de segurança para evitar danos. “Preciso garantir o melhor para minhas obras, não me preocupo só em extender a apreciação do meu trabalho”, diz.

Dicas

Para expor certo

• Conhecer o local em horário movimentado e seus freqüentadores.

• Escolher obras levando em conta possibilidade de iluminação, espaço disponível e valor dos trabalhos.

• Pensar na possibilidade de proteção das obras através de molduras, por exemplo.

• Observar a cor das paredes, que pode interferir na observação das obras.

• Preocupar-se com uma divulgação, mesmo que bem simples.

• Procurar não interferir na rotina do bar e dos freqüentadores.

• Não esquecer que a arte é coadjuvante nesse ambientes.

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Exercício do olhar pop
Tom Lisboa apresenta série de fotografias compostas a partir de imagens de tevê. O estilo de vida urbana marca as novas obras de Lisboa.

Humberto Slowik

Será aberta amanhã, no AllesBier, Where the Streets Have No Name, primeira exposição fotográfica do artista plástico Tom Lisboa.

Caracterizada como mais um exercício do olhar, a série de fotografias reflete a própria formação de Lisboa, que não se criou junto ao tradicional mundo das belas artes. "Sempre fui estimulado visualmente por diversas manifestações como arquitetura,fotografia, videoclipes. Neste caso, tudo começou apenas como um exercício, e fiquei completamente estimulado a partir dos primeiros resultados. Por intermédio das fotos tento capturar estas imagens e deixá-las próximas a mim",explica Tom Lisboa.

Todas as imagens expostas foram registradas a partir de tomadas da televisão e representam, num sentido geral, a convergência de inúmeras informações da cultura pop - a decisão de batizar a série como nome de uma música da banda irlandesa U2 é um dos reflexos disso -, e a preferência do artista pela vida urbana."Gosto da cidade e não consigo me imaginar no campo,por exemplo. Por outro lado, uso imagens da tevê porque este é um veículo que oferece uma infinidade de opções,e cabe a nós garimpar o que nos interessa", ressalta.

Em cores saturadas, as fotografias não receberam tratamento posterior à revelação,e foram conseguidas com o uso de meios low tech: Lisboa apenas controlou velocidade e abertura do diafragma de uma câmera manual, utilizou filmes asa 100, e controlou cores através do próprio seletor de um televisor.

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Perfil de Tom Lisboa - Tinturas Urbanas

Humberto Slowik

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Artista em procedimento de decolagem
Tom Lisboa lança site na Internet e abre nova exposição da série Vôo Lisboa:
referências não só na pintura.

Omar Godoy

Tom Lisboa é um daqueles artistas que insiste em aproximar o público de seu trabalho. Há cinco anos desenvolvendo a série Vôo, ele lança hoje no Yutz Bar mais uma leva de pinturas relacionadas ao tema.Nomes de outras atividades culturais também participam da mostra, como André Malinski, Guilherme Weber, Quino, Santos Dumont e Oscar Niemeyer. Por meio de objetos pessoais doados ou simplesmente em forma de homenagem, tais figuras comparecem na exposição com criações referentes à idéia de voar tão explorada por Lisboa. Paralelamente, ele coloca no aro site Sintomnizado (www.sintomnizado.com.br),um canal aberto de divulgação e informação sobre arte em geral.

O artista começou a trabalhar com a idéia do vôo em 1995, quando fez um estudo sobre brinquedos de papel como cataventos, barcos e aviões. Estes últimos despertaram seu interesse e tornaram-se a semente de três exposições individuais e duas coletivas. Lisboa confessa não ser influenciado apenas por pintores, fazendo referências à arquitetura, design, videoclipe, fotografia e cenografia.Esta variedade o incentiva a trazer o público para dentro do contexto da criação de suas obras. Em uma mostra passada, por exemplo, ele exibiu suas telas ao som da trilha sonora que normalmente ouve ao pintar. "Quero tornar a visitação agradável e ao mesmo tempo fazer com que as pessoas me conheçam um pouco mais", afirma.

Para Tom Lisboa, a arte moderna parece estar voltada para o umbigo dos artistas. "Muita gente está mais interessada em chocar ou satisfazer seu ego". Por isso ele se importa tanto com interatividade e participação externa. Um sinal de tal preocupação é o convite que Lisboa faz aos visitantes. "Quem quiser participar da mostra pode trazer objetos pessoais que remetam à idéia do vôo".

Apesar de apostar no mesmo tema há meia década, Lisboa tenta trazer elementos novos a cada exposição.Desta vez, a série está ligada ao desprendimento."Os aviões tradicionais estão sumindo e dando lugar a triângulos, formas simplificadas. O traço ficou mais solto e os quadros menos simétricos. As cores maleáveis,inclusive com o uso do branco pela primeira vez", explica.Na verdade, o artista criou um estilo próprio, que usa como base para o aperfeiçoamento de idéias inéditas."Adoraria que meu público tivesse a mesma sensação que tenho quando assisto a um filme novo do Woody Allen. Ele sempre mostra uma faceta nova, mas num formato conhecido", diz.

Disponível na Internet a partir de hoje, o site Sintomnizado pretende abrir espaço para artistas carentes de espaço para divulgação. Além disso, a página traz textos informativos e de resgate cultural.Um dos projetos de Lisboa é pesquisar a fundo a trajetória da atriz Lala Schneider. Assim como a nova exposição da série Vôo, ele também aceita colaborações em sua empreitada virtual.

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Artistas curitibanos saem dos guetos

Houve um tempo em que os novos artistas curitibanos saíam invariavelmente dos redutos tradicionais da cultura na cidade. Leia-se Escola de Música e Belas Artes e FAP, os cursos de Design e Arquitetura da Universidade Federal do Paraná, oficinas do Teatro Guaíra, Cinemateca, projetos da Fundação e do porão 92 Degrees.

Estes núcleos, sabe-se, continuam sendo importantes tribunas e incentivadores de talentos. Mas não são os únicos.Por vezes já alquebrados pelo peso da tradição e carregando alguns maneirismos, eles também se revigoram quando outras propostas concorrem na praça.

Os anos 90, inclusive, têm sido pródigos na revelação de nomes fora do eixo, mais independentes e menos acadêmicos. Nas artes visuais são exemplos o pintor Tom Lisboa, recém-descoberto;e o escultor Washington Silvera. Nenhum deles traz no currículo qualquer sombra de influência de Guido Viaro, por exemplo, um mestre cuja obra se prolonga nos professores da Embap.

Nas artes cênicas, ano passado, revelação semelhante foi Lori Santos, que segurou com maestria o espetáculo-solo Carta Aberta, de Fernando Kinas. Um típico sem-escola, Lori se tornou um caso meio isolado de ator alheio às lições que escreveram a biografia da maioria das pessoas da classe.

Uma das explicações para esta irradiação cultural talvez seja o aumento da população local nos últimos anos. Hoje, beirando os 2 milhões de habitantes, a cidade abriga um público desincumbido de prestar tributo ao passado e ao establishment.É progresso na certa.

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Vôo e algo mais no Yutz
Artistas transformam bar em espaço cultural


Roberto Nicolato

Espaço em Aberto é o nome da exposição que os artistas plásticos Tom Lisboa, Roseane Serafim e Paulo Carapunarlo fazem a partir desta quinta-feira no Bar Yutz, em Curitiba. O ponto de convergência para a união dos três artistas nessa mostra foi a procura por um espaço para colocarem seus trabalhos.

Eles tinham sido selecionados pelo Cosem (Coordenadoria do Sistema Estadual de Museu) para expor suas obras no saguão do Palácio Iguacu,mas a exposição acabou sendo cancelada em função da ocupação sem-terra na Praça Nossa Senhora de Salete.

Na mostra Espaço em Aberto, Tom Lisboa dá continuidade à série Vôo, iniciada em 1996. "Desta vez deixei um pouco de lado os quadros interativos, que foram a principal novidade da última exposição", afirma o artista.

Nesse novo trabalho, Tom Lisboa vai mostrar telas com dimensões um pouco maiores: todas com 1,10 x 1,50m. As cores vivas foram substituídas por um tom mais escuro e o desenho do avião, que é símbolo maior desta série, terá um formato diferente.

"Na verdade, as cores continuam as mesmas. Só que desta vez reservei os tons mais claros e vibrantes para os aviões que, em contraste com o fundo mais escuro, ganham mais destaque", ressalta o artista que em 97 ganhou o Prêmio Governo do Estado do Paraná no 38ºSalão de Arte para Novos.

Visão holística

A artista Roseane Serafim participa da exposição com quatro telas de 60 x 80 cm cada uma. Em sua obra, o elemento concreto se liga ao abstrato produzindo uma visão holística da formação do universo. "A união dos opostos produz o equilíbrio natural, remetendo-nos à paz e ao feliz convívio das duas partes", diz a artista.

Já as obras de Paulo Carapunarlo são resultado de um trabalho que vem sendo realizado deste 1995 com uma temática infantil e que pela primeira vez está sendo mostrado em Curitiba.

O artista emprega diversos materiais como acrílica, têmpera,pastel oleoso, carvão, entre outros. "Mas todos os trabalhos são ligados por um fio condutor que é a linha. Estes elementos falam do universo infantil em circunstâncias engraçadas, às vezes irônicas, muitas vezes absurdas e irreais, sempre tentando captara pureza e a ingenuidade da criança".

Segundo Tom Lisboa, é importante que a exposição seja feita num espaço vivo como o Bar Yutz, que quer se tornar conhecido como realizador de eventos culturais.

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A ditadura do decorador
Montagem da Casa Cor'99 prova que as artes plásticas continuam sendo tratadas como meros acessórios de ornamentação

José Carlos Fernandes

A instalação de obras de arte continua sendo o ponto fraco da Casa Cor. O evento, embora mais enxuto em relação à edição anterior, perpetua o hábito de transformar pinturas e esculturas em elementos decorativos, perdidos em meio a excessos de penduricalhos e tratados como se fossem elementos funcionais pendurados entre a porta e a lareira. Mas dentre estes males, um é pior: muitas peças selecionadas pelos arquitetos e decoradores não ultrapassam a estética do senso-comum, são extemporâneas e deseducando consumidor. Em geral não passam de ícones fajutos de status e sofisticação.

O resultado frustra - a exemplo da escultura de Luciano Corbellini colocada à beira de uma banheira, as telas de Zélio Andreazza e Caio Borges na sauna, e até mesmo um objeto de Alfi Vivern no "Lavabo e Powder Room", de Duarte& Piazza. O mesmo acontece na pirâmide que ocupa a antiga piscina da residência dos Petrelli, onde este ano acontece o evento. Poderia ser uma das apropriações mais felizes da mostra, principalmente se a única peça interessante de Ricardo Todd - um móbile à base de tubos de ferro - não passasse quase despercebida em meio a uma concorrência de elementos que inclui uma descartável peça do próprio artista - uma cabeça de cavalo.

Sabe-se que a escolha das obras que ocuparão cada projeto nem sempre é sã. Conta o lobby dos galeristas e - como não- o desejo de agradar o gosto médio da clientela. Com estas medidas,fica-se onde está: a Casa Cor não transgride, não provoca o olhar de ninguém, não interfere. Com raras exceções.Logo à entrada, o "Jardim de Quatro Elementos", assinado por Maurício Pinheiro Lima e Samantha Filipin, protagoniza a única ousadia plástica merecida pela portentosa mansão da Carmelo Rangel. Uma peça em couro vermelho da curitibana Carla Vendrami surge absolutamente integrada ao conceito do espaço - suspensa, ela representa o ar e cria um impacto instantâneo no visitante - naquele que pergunta se aquilo é um guarda-sol e nos que se animam com a idéia de encontrar vida inteligente dali para frente.

A expectativa não se cumpre. Mas algumas tendências se dão a revelar. Uma delas é o crescente uso da fotografia, inclusive em lavabos, banheiros e quartos de criança. É uma boa notícia.Pena poucos arquitetos e decoradores terem valorizado a autoria e estar em tratando esta linguagem como uma novidade tirada da manga. Vale reparar na medida inversa adotada por Bárbara Sganzerla, que trouxe uma sériede retratos manipulados de Cláudia Jaguaribe - um nome da hora eque tem muito a dizer no lugar em que seus trabalhos foram colocados - uma sala destas perfeitas para jogar conversa fora. Ao ter o próprio rosto refletido em garrafas de vidro verde, abundantes na decoração,é possível que alguém se identifique com o tom enigmático das fotos de Jaguaribe.

É bom lembrar que às vezes a colocação de peças de arte não exige malabarismos. Na "SuíteTeen" de Christian Burmeister Schönhofen duas séries de pinturas do novato Tom Lisboa parecem ter determinado as cores baixas do ambiente, propícias para que as pinceladas multicoloridas se sobressaiam.Há casos também em que é melhor abrir mão do objeto estético e privilegiar o adereço, como fez Vanessa Taques no "Hall de Circulação" ao ornamentar as paredes com ideogramas japoneses. O corredor se tornou uma instalação,por inteiro, e sugere um ritual de passagem.

Em tempo. Num ano de poucos bons artistas integrados à Casa Cor,algumas escolhas salvaram o evento do déja-vu total. Uma grande tela de Burle Marx no "Home Theater e Sala de Almoço" de Cristiana Brenner e Luiz Mori Neto; uma paisagem de Marianitta Luzzatti (embora perdida nos muitos metros quadrados do hall de entrada, é um dos trabalhos mais refinados da mostra); as quatro matrizes de madeira de Calderari no"Mini-Shopping". Some-se esculturas de Eliane Prolik e Rossana Guimarães, além da medida urgente de que os artistas interfiram mais na colocação de suas obras.

Soluções ao alcance dobolso

A Casa Cor'99 reserva algumas sugestões para quem quer decorar sua moradia com custos mínimos. Em busca destas alternativas, o visitante deve antes de tudo manter os olhos bem abertos,afinal, os segredos sobre como chegar a paredes bonitas e móveis funcionais não têm receita ao lado.

Além de observar alguns desenhos (e esboçá-lo) para um marceneiro de confiança, pode-se recorrer aos próprios expositores. Cristianne Gehlen, por exemplo, explica para quem quer queseja como fazer texturas na parede. Basta massa corrida, uma escova de lavar roupa e uma certa habilidade em lidar com o material. Para ambientes externos,o revestimento pede ainda a mistura de cola e areia. Outra dica de Gehlen é recorrer às peças de mármore flameado - superfície de craquelê conseguida à base de altas temperaturas e jatos de água. Por fim, aconselha espelhos no teto, desde que com recortes geométricos. A sensação é de que o pé-direito aumentou e de que há movimento no ar. Tudo isso ganha ar de nobreza no reservado de Gehlen, cuja maior atração é uma banheira de R$15 mil que "fala" cinco línguas.

Cimento queimado, pó xadrez e mosaicos sobre ardósia também fazem a diferença, custam barato e deixam recantos austeros com uma cara mais informal. Neste sentido, outra sugestão preciosa da CasaCor são os mosaicos de azulejos. Eles estão por toda a parte- nas mesas da cozinha e em detalhes de corredor, a exemplo do realizado por Ivângela Curra e Lyz Laine Ratton. Podem ser feitos por qualquer um - tanto quanto a meia-parede de lambril que Duarte & Piazza colocaram num lavabo, ilustradas com motivos encontrados numa seda indiana.

Às vezes a inovação custa muito pouco. Bolinhas de gude dão ludicidade ao móvel do quarto de menino de Daniela Omairi. As muitas estantes de vidro e os conjuntos de velas, recursos constantes nos espaços da Casa Cor, também reiteram a eficiência da matéria-prima abundante e dotada de plasticidade. Cláudia Caramori, por exemplo, utiliza cintas e escadas funcionais na "Rouparia".

Sem falar no bom emprego da luz: ela opera milagres e pode transformar num cenário qualquer ambiente. E no correto emprego do kitsch. Queo diga Taís Malucelli e suas almofadas artesanais feitas com flores de seda. No ambiente soft de Ângela Kubrusly e Sérgio Valliattielas se convertem num luxo.

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