É a imagem que recria o texto ou é o texto que redefine a imagem? por Tom Lisboa
A palavra palimpseto deriva do grego pálin (novamente) e psestos
(raspado, apagado) e faz referência a uma página
manuscrita ou livro cujo conteúdo foi apagado (mediante lavagem
ou raspagem) e escrito novamente. É a partir deste conceito de
aglomeração e supressão que a série
Palimpsestos traz à tona uma relação tão
conflituosa quanto inevitável no fotojornalismo: é a
imagem que recria o texto ou é o texto que redefine a imagem?
Cada obra de Palimpsestos é composta por uma
sobreposição de textos verbais e não-verbais: o
video, a fotografia do fundo, o texto que é apagado, a
ação do pincel (que pode remeter tanto à pintura
quanto à aquarela).
Nestes videos, as ações de ler e ver sobre determinado
acontecimento encontram-se sobrepostas. Isto dá início a
um processo onde observamos alguém que, com pincel e
água, se entrega a um inútil processo de raspagem de um
texto escrito para que o visual venha à tona, uma espécie
de Sísifo contemporâneo, que tem como resposta para sua
tarefa de desconstrução uma nova construção.
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