Apresentação
A 4ª Mostra Latino-Americana de Artes Visuais - VentoSul leva às
cidades do Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, São Paulo e Brasília
exemplos da arte produzida na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia,
Paraguai, México e Costa Rica, através de obras de 33 artistas, a
partir de agosto de 2007.
Em cada cidade, diferentes combinações de artistas e obras fazem de
cada exposição um evento único. Nas cidades menores, módulos das
exposições principais se dividem, adaptando-se a cada espaço.
A curadoria do evento é dos críticos Fábio
Magalhães, Fernando
Cocchiarale e Ticio Escobar.
A curadoria definiu ‘Narrativas’ como o tema da edição 2007.
Além das exposições, acontecerão performances e interferências
urbanas e, em algumas cidades, mostra de filmes de arte. Para a semana
de abertura do evento em Curitiba estão programadas mesas-redondas.
Em Florianópolis e Curitiba o crítico Fernando Cocchiarale ministrará
um curso com o tema “Quem tem medo de arte contemporânea?” com
duração de três dias.
O evento será documentado em um catálogo com 320 páginas, contendo
imagens de obras e textos críticos. O designer Miran
assina o projeto gráfico de todo material impresso do evento.
O projeto é uma realização conjunta do Instituto Paranaense de
Arte, Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Paraná, Fundação
Cultural de Curitiba e da Universidade Federal do Paraná, em comemoração
aos seus 95 anos. Conta com patrocínio da Petrobras e Eletrobrás e
apoio do Ministério da Cultura e do Ministério das Relações
Exteriores.
Narrativas
A curadoria da VentoSul, 4ª Mostra Latino-Americana de Artes Visuais
se baseia na figura das narrativas, que serve de título à edição
2007. A partir desta figura de linguagem, só proporá a cada artista
convidado que narre uma situação, um conceito, um relato ou uma
questão baseando-se em argumentos visuais.
O motivo narrado pode referir-se a qualquer âmbito: histórico,
pessoal, político, antropológico ou relativo à própria
institucionalidade da arte; o importante é que seja tratado através
de linguagens especificamente visuais.
A preocupação da curadoria (Fabio Magalhães, Fernando Cocchiarale e
Tício Escobar) desta mostra é afrontar uma das questões mais
complicadas e urgentes da arte contemporânea. Por um lado a sua urgência
de desdobrar conteúdos e de explorar verdades que, pelo geral
transcorrem além dos terrenos próprios da arte; por outro, a
necessidade de recuperar um mínimo estatuto de forma estética que
assegure que esses conteúdos não dissolvam o ponto de vista da arte.
A arte contemporânea se enfrenta a um paradoxo. Deve recusar o estético
para demarcar-se do esteticismo difuso do mercado e discutir a
autonomia absoluta da forma moderna. Porém também, deve impugnar o
puro conteudismo, a mera exposição de motivos, a clausura total da
forma. Essa oscilação, que tanto leva a bater pé firme nos conteúdos
extra-artísticos, como a salvaguardar uma mínima autonomia da forma,
constitui talvez um dos momentos mais interessantes da arte de hoje.
Esta curadoria quer trabalhar este momento confuso e frutífero através
da idéia de narrativas, que supõe sem dúvida a exposição de histórias,
questões e concepções conceptuais, porém não perde de vista o
desenvolvimento de linguagens especificamente artísticas.
Os artistas deverão apresentar conjuntos de obras, cujos conteúdos
se enriquecem quando articulados entre si, formando novos conteúdos,
estabelecendo novas experiências e novas narrativas.
As imagens (idéias/formas) tornam-se mais complexas e adquirem
novos significados com as possibilidades de convívio entre as obras
que compõem o conjunto, criando novas situações formais e novas poéticas
visuais.
A narrativa, no discurso visual, não pode reduzir-se à linearidade
descritiva, ao contrário, transita dentro e fora dos códigos e
significados, amplia geografias e atravessa as fronteiras das
linguagens; propõe diferenciadas vivências ao experimentar novos códigos
que transgridem os repertórios de significados estabelecidos; abre
novas possibilidades de se perceber semelhanças e diferenças ao
propor novos contextos simbólicos. Ao estabelecer conjuntos de obras,
a narrativa incorpora as rupturas e as descontinuidades de cada obra
e, até mesmo, abre possibilidades para a transmutação de
significados na dinâmica relação das obras entre si. |