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Telepar Brasil Telecom apresenta Pataxó: o índio no espelho Pataxó: o índio no espelho é o resultado de um trabalho que começou em abril de 1999 e continuou em abril de 2000, durante as comemorações dos 500 Anos do Brasil. Seu objetivo é mostrar um outro lado da vida do índio brasileiro, muito além do folclore e das cenas idílicas que ainda povoam nosso imaginário. “É um projeto que lida justamente com este questionamento: quem são estes índios depois de 500 anos de contato; no que eles se transformaram”, diz Milla Jung. O
projeto, viabilizado através da Lei Federal de Incentivo à
Cultura,
foi realizado em parceria com o músico Michael Tulkop,
que registrou depoimentos e músicas dos índios, além de compor uma
trilha sonora que também fará parte da exposição. As
fotografias que compõem a exposição fazem uma narrativa do dia-a-dia
das aldeias Pataxó
no sul da Bahia (15 ao todo, das quais quatro foram fotografadas),
revelando uma realidade à qual muito poucos brasileiros têm acesso. “Tudo
o que eu ouvia falar sobre a festa do Descobrimento eram coisas alegres,
coloridas. Eu nunca tinha ouvido falar dos Pataxó.
A festa estava sendo feita na terra deles e eles não estavam sequer sendo
considerados”, lembra a fotógrafa. “Eu ainda tinha aquela imagem
folclórica do índio e percebi que não era nada disso, pelo contrário.
Eles vivem em situação marginal.” Diante
disso, Milla,
que tinha ido à Bahia para fotografar em cores a festa dos 500 Anos,
imediatamente mudou o foco de seu projeto e passou ao contato direto com
os Pataxó.
Um contato que a princípio não foi dos mais fáceis. Para permitir as
fotos, os índios pediam dinheiro. “A primeira vez que pedi para
fotografar numa aldeia o cacique me pediu 4 mil reais”, conta Milla. A
miséria, a grande influência da televisão, a degradação dos valores
tradicionais, a submissão diante do branco e de instituições como a
igreja são alguns dos problemas enfocados neste trabalho de Milla
Jung,
que busca muito mais a fidelidade no registro destas situações do que um
conceito estético. “É uma exposição que funciona muito com os
textos, com a música, com o áudio dos depoimentos. O que conta não é a
fotografia, é a história em si”, comenta Milla. De
todas as questões abordadas, a que mais impressiona é a do índio como
uma representação de si mesmo – daí o título da exposição. Para
sobreviver, os Pataxó,
que em casa vestem roupas normais, se fantasiam para os turistas, vendem
objetos produzidos em fábricas como se fossem artesanato indígena,
representam a farsa de si mesmos. “Essa estranha forma de subsistência
talvez seja o que mais me chama atenção”, aponta Milla.
“Eles representam o já não são mais. Voltam a viver uma imagem folclórica
de si mesmos, que eles nem sabem como é.” Patrocinado pela Telepar Brasil Telecom, o projeto Pataxó: o índio no espelho tem também apoio do Beto Batata, Dom Max, Inventarium, Fundacen e Fundação Cultural de Curitiba. Pataxó:
o índio no espelho Fotografias
- Milla Jung |