|
“Para
conhecer uma imagem
é preciso dar-lhe a volta por completo.”
(José Saramago)
Atualmente,
a imagem do Oscar é um símbolo que encontra-se desreferencializado
de seu objeto original. Ele foi criado
em 1929 apenas para ser um acessório da premiação que iria
celebrar a “excelência cinematográfica” e cumprir, de acordo com
a bibliografia da Academia, uma função ornamental de enfeite de
escrivaninha ou lareira. No entanto, o passar dos anos acabou por
enraizar sua forma e seu nome em várias culturas, especialmente a
brasileira. O próprio dicionário Aurélio século XXI faz referência
ao nome Oscar como uma importante premiação americana. Por outro
lado, se encararmos o dicionário como uma coletânea dos vocábulos
de uma língua, poderemos perceber que prêmios importantes como o
Kikito (de Gramado) e o Candango (de Brasília) encontram-se ausentes
desta relação (serão eles os estrangeiros?).
O
formato deste troféu também é referenciado em outras cerimônias
que festejam algum tipo de mérito individual como o Troféu Imprensa
(TV), o prêmio Victor Civita (Educação) e o prêmio Cine Búzios
(Cinema). Tornou-se lugar comum também designar certas premiações
como um tipo
de Oscar.
|
Citações
na imprensa não
faltam: Oscar da cafeicultura
(Prêmio Brasil de Café), Oscar
da filatelia
(Troféu Olho de Boi), Oscar
do hipismo (Troféu Eficiência), Oscar da comunicação (Oscar
Luiz Beltrão), Oscar do rodeio (Troféu Arena de Ouro), e muitos
outros casos. O que causa, no entanto, maior curiosidade é o sentido
absolutamente claro que temos em fazer esta referência, já que
chamarmos algo de o “Grammy do hipismo” estaria completamente
desprovido de significado.
O
trabalho desenvolvido por Tom Lisboa em sua dissertação de mestrado
intitulada “Entre a estatueta do Oscar e o Oscar da estatueta”,
que também dá título a esta palestra, dá início a uma
bibliografia ainda escassa sobre o Oscar: a análise crítica e
independente da avaliação de seu mérito. Classificar como “bom ou
mau” é, antes de tudo, uma atitude limitadora. De acordo com Guy
Debord, em seu livro A Sociedade do Espetáculo, “no espetáculo, o
fim não é nada, o desenrolar é tudo”. Então, antes de julgar,
busca-se compreender que fatores históricos estão por trás da
transformação desta imagem de objeto ornamental a símbolo
espetacular da gratificação individual. Este trabalho deixa de lado
o enfoque puramente especulativo e as curiosidades de bastidores para
analisar mais detalhadamente as relações deste objeto com a indústria
de cinema, as estrelas dos filmes, o imaginário dos filmes premiados
e os veículos de comunicação que transmitiram a cerimônia, para
citar as principais.
Trata-se,
enfim, de um estudo ainda inédito e que está sendo trazido à público
neste momento de comoção nacional pelas indicações de Cidade de
Deus ao Oscar.
Local:
Espaço Cultural Glaser, Rua Visconde do Rio Branco, 1630 / sala 114
Fone: 3023-1739
www.culturaglaser.com.br / [email protected]
Dia
e horário: 28/02 (véspera do Oscar), das 9h às 12:30h
Preço:
R$ 25,00
Tom
Lisboa é mestre em Comunicação e Linguagens, artista plástico e
criador do site www.sinTOMnizado.com.br.
|