A televisão é um laboratório para os cineastas?


Domingos Oliveira analisa Sonho de Cassandra, de Woody Allen

Argentina leva nove filmes a Cannes

Saiba mais sobre a participação brasileira em Cannes

Berlinale exibirá "Um Cão Andaluz", de Buñuel, restaurado

Crítica considera filme dos irmãos Coen o melhor do ano  

Mostra de SP escolhe "O Banheiro do Papa" como melhor filme 

Em ''Jogo de Cena'', atrizes consagradas interpretam histórias de vida de 
personagens anônimas

Mutum ganha prêmio de melhor filme no Festival do Rio

Parte do roteiro do filme de Woody Allen em Barcelona é revelado

Atores brilham em drama "Medos Privados em Lugares Públicos"
de Alain Resnais

Filme de ação chinês encerrará Festival de Cinema de Veneza

Jia Zhang-ke revela o lado humano da China, no filme ''Em Busca da Vida''

"O cinema morreu", diz o cineasta Peter Greenaway

Conheça o Cineclube Contramão, em Curitiba

Uma visão geral do Sundance Film Festival 2007

Assista ao curta "Beijo de Sal", sucesso no Festival de Sundance

Lista dos 26 filmes da seção oficial do Festival de Cinema de Berlim

David Lynch lança "Inland Empire", primeiro longa do cineasta desde 2001

"Babel" lidera Globo de Ouro com sete indicações

Bollywood vai rodar filmes em Portugal, diz jornal indiano

Cota de tela reduz espaço de filme nacional em 2,9%

Ambigüidade é a marca de "Dias Selvagens"  

Filmes japoneses surpreendem nas bilheterias do Japão

Festival de Berlim abre as portas pela primeira vez aos filmes da internet

Cineclube Contramão inaugura com O Bandido da Luz Vermelha, em Curitiba

_____________

Roma, Cidade Aberta", de Rossellini, será restaurado

Hollywood perde US$ 6 bilhões com pirataria de filmes

Ciclo no CCBB explora papel da fotografia no cinema

Cineastas protestam contra suposta censura na França

Caso Jean Charles: roteiro de filme aguarda fim da história real

Semana da Crítica seleciona filme brasileiro em Cannes

59º Festival de Cannes divulga Seleção Oficial

"Caché” traz família burguesa atormentada por segredo; veja trailer e fotos

John Malkovich interpreta homem que finge ser Stanley Kubrick

Quanto Vale ou É por Quilo? cria uma metáfora sobre a escravidão contemporânea

____________

A Festa do Oscar: Os Deuses Modernos 

Atores contam como pais reagiram após se decidirem pela carreira

História do Cinema, o Aparecimento do Som
Parte 4          Parte 5        Parte 6     Parte 7         Parte 8  

Dogma 95: o manifesto cinematográfico dinamarquês

Consulte o Arquivo para ver matérias passadas


O Aparecimento do Som - Parte 4

Os microfones eram tão sensíveis que os técnicos tinham que tirar seus sapatos para entrar no estúdio. Até o girar do filme da câmera era reproduzido. Ela acabou sendo confinada em uma caixa à prova de som e ficando ali parada. Por isso a maioria as cenas de diálogo eram filmadas em close-up, e nunca existiam mais de três ou quatro pessoas em cena. Os microfones também eram tão estáticos quanto as câmeras e não havia espaço suficiente ao redor deles para mais de dois atores.

Fora a interferência da câmera, outros barulhos tinham que ser eliminados e vários métodos foram utilizados. Joseph L. Mankiewicz lembra que a maioria dos filmes era feita a noite. Eles começavam a filmar às 5 da tarde e iam até as 3 da manhã, porque desta forma eles evitariam o barulho do tráfego na Melrose Avenue.

Willian Clothier que trabalhou como assistente de câmera tem memórias não muito agradáveis deste tempo: “A caixa que abrigava a câmera não era uma caixa qualquer. Ela era enorme e comportava uma mesa, duas câmeras, e quatro pessoas lá dentro. Com as luzes do estúdio ligadas, e principalmente no verão, aquilo virava o próprio inferno”.

Surgia então uma nova autoridade: o homem do som. Como ninguém entendia o que ele fazia, ficavam todos em suas mãos. Ele era uma pessoa para ser respeitada e temida. Esther Ralston lembra que quando estava filmando The Wheel of Life com Richard Dix, em 1929, Dix apontou para o responsável pelo som e disse para ela: “Vê aquele cara ali? Seja boazinha com ele ou ele vai fazer de você um barítono e de mim uma soprano.”

O som mudou tudo, inclusive a atmosfera no set de filmagem. No tempo dos filmes mudos podia-se andar tranqüilamente pelo set, mesmo quando estavam filmando, pessoas podiam rir e conversar e atores como Fritz Feld tinham a sua disposição um quarteto de violinos, piano e cello tocando La Marseillaise para fazê-lo chorar. Com som o esquema era outro: sem música, visitantes e portas fechadas. Era um tempo em que se usava muita luz, iluminação para quatro ou cinco câmeras ao mesmo tempo. Era necessário vedar todas as portas e ventiladores não eram permitidos por causa do barulho. Depois de cada cena eles paravam tudo e deixavam as pessoas se refrescarem um pouco.
Outros capítulos da História do Cinema no Arquivo do Sintomnizado
volta para cima

O Aparecimento do Som - Parte 5

Nos tempos do cinema mudo, William Clothier trabalhava em um pequeno estúdio em Poverty Row. Neste local foram filmados a maioria dos westerns da época, e seus custos eram tão baixos, que chamá-los de baixo orçamento lhes dá uma dignidade que certamente eles não merecem. De manhã ele chegava ao estúdio, pegava sua pick up, colocava o equipamento no banco de trás, parava em Hollywood para pegar alguns cowboys, parava de novo para comprar um lanche para a equipe (a 25 centavos de dólar cada um) e ia para o local das filmagens, que ficava a uns 15 quilômetros fora da cidades. “Nós tínhamos oito, dez pessoas na equipe inteira, contando os atores. Claro que nós também tínhamos os cavalos, mas eles eram emprestados de fazendeiros locais. Depois que o som apareceu, meu Deus, nós deixávamos o estúdio com quinze caminhões, carros, e ônibus, e com certeza tínhamos mais motoristas do que as pessoas que usávamos nas produções antigas. O orçamento aumentou muito também. Eu lembro de fazer filmes de faroeste em seis dias ao custo de US$ 3.000 ou US$ 4.000, incluindo o pagamento dos atores. Depois do som, este valor passou para US$ 500.000.”

Como já foi dito anteriormente, câmeras e microfones estáticos geravam filmes estáticos, e foi assim até 1929. O responsável pela “liberação” da câmera foi Rouben Mamoulian, um diretor de teatro americano de grande reputação na Broadway na década de 20, que foi contratado pela Paramount para dirigir o melodrama Applause, com Helen Morgan. Mesmo nunca tendo dirigido um filme antes, ele deu um passo importante na história dos filmes falados.

Apesar do público vir aumentado consideravelmente desde o aparecimento do som, ele já estava apresentando sinais de cansaço com a monotonia, lentidão e a natureza teatral destes filmes. A maioria deles eram adaptados diretamente do teatro, e ficaram conhecidos como “Teacups Dramas” devido ao fato de ninguém neles parecer fazer mais do falar e beber chá. Como Mamoulian disse: “Os estúdios queriam diálogos. Então eles compravam uma peça, a mantinham do jeito que estava e a filmavam com três câmeras. O resultado era uma peça de teatro filmada.” 

Devido a sua total falta de experiência em fazer filmes, ele decidiu passar um tempo no Astoria Studios, em Nova York, estudando os métodos de outros diretores antes de começar seu prórprio filme. Ele observou, fez perguntas, aprendeu o que fazer, e principalmente, o que não fazer. Sua primeira sugestão ao começar as filmagens foi tentar mover os bangalôs em que as câmeras ficavam confinadas.
Outros capítulos da História do Cinema no Arquivo do Sintomnizado
volta para cima

O Aparecimento do Som - Parte 6

Todos disseram que era impossível, que o bangalô era muito pesado para ser movido e que era mais fácil deixar duas câmeras filmando (uma em close-up e outra de longe). Resistências vencidas, o diretor chega a seu primeiro dia de filmangem. A primeira pergunta do cameraman George Folsey foi onde ele deveria por as câmeras. Para seu espanto, Mamoulian disse que haveria apenas uma câmera. O que ele queria era que tudo fosse feito em uma tomada, começando a filmar de longe e terminando em um close-up. Colocando em outras palavras, como Folsey afirmou, ele queria o impossível, que era mover aquele pesado bangalô.

A idéia de Mamoulian, assim como toda idéia brilhante, era muito simples. Ele disse: “Vamos chamar algumas pessoas e colocar rodas neste bangalô, e depois elas vão movê-lo para cá e para lá sem problemas”. Assim feito, a câmera adquiriu o movimento.

Nesta mesma época outras pessoas também tiveram idéias para este mesmo fim. William Wyler colocou a câmera sobre trilhos enquanto filmava um faroeste chamado Hell´s Heroes. Embora este filme tenha sido feito um pouco depois de Applause, não existe indicação que Wyler copiou sua idéia, pois um estava filmando em Nova York e outro no oeste e, a comunicação entre as duas costas não era tão rápida ou freqüente quanto é hoje.

No dia em que devolveu o movimento à câmera, Mamoulian disse que chegou em casa exausto, cheio de dúvidas sobre o que havia feito, e preocupado que tivesse sido seu último dia na Paramount. Na manhã seguinte, ao chegar o estúdio, até o porteiro já estava sabendo da revolução que havia sido feita. Great Moguls, Adolph Zukor e Jesse Lasky, donos do estúdio, já tinham visto as cenas filmadas e estavam empolgadíssimos. Eles disseram: “Tudo que o que Mamoulian quiser, façam”. 

Com a câmera se movimentando novamente, mesmo precisando de seis homens como Arnold Schwarzenegger para empurrá-la, Mamoulian sentiu confiança em atacar outro grande problema: as limitações de possuir apenas um canal de som. Se em uma cena, por exemplo, Helen Morgan canta um canção de ninar para sua filha, enquanto esta sussura uma oração, nem na vida real, nem no palco, seria possível ententeder o que menina fala. Foi quando Mamoulian sugeriu: “Vamos gravar a oração em um canal e a canção em outro, e vamos controlar os dois, de forma que teremos dois canais de som”. Claro que funcionou, e depois disto todos estavam usando som multi-canal.

Zukor e Lasky estavam caídos de admiração por Mamoulian quando terminou seu filme. Eles fizeram discursos e mais discursos sobre como Applause estava maravilhoso e pediram que ele fosse descansar por duas semanas, para depois assinar o mais maravilhoso contrato com a Paramount.
Outros capítulos da História do Cinema no Arquivo do Sintomnizado
volta para cima

 

O Aparecimento do Som - Parte 7

Durante esta duas semanas, Applause recebeu críticas fenomenais, mas arrecadou muito pouco nas bilheterias. Não havia estrelas neste filme, e naquele tempo, era isto que o publico queria acima de qualquer coisa. Acabaram se passando doze meses e não duas semanas para Zukor contatar Mamoulian novamente. Isto veio a mostrar que tanto naquela época quanto hoje, o mérito artístico é importante, mas o que vale mesmo é o quanto ele rende nas caixas registradoras.

Mamoulian foi chamado então para dirigir City Streets, estrelando Sylvia Sidney e Gary Cooper. Neste filme, que não era particularmente bom, o diretor voltou a inovar. Pela primeira vez foi possível “escutar os pensamentos” do ator em foco. Todos diziam: “Cooper não está na cena, ela está sozinha em seu quarto e é possível escutar a voz dele em seu pensamento”.

Apesar de sua efetiva contribuição para o desenvolvimento dos filmes falados, não foi Mamoulina quem fez o primeiro clássico desta era. Esta honra coube a Lewis Milestone, o diretor de All Quiet on the Western Front. A história, é lógico, mostrava batalha de vida e morte nas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial. Milestone não foi tão inventivo quanto Mamoulian, mas assim como ele, se recusava a ser dominado ou limitado pelos movimentos da câmera. Por este filme ele ganhou o Oscar de melhor diretor em 1930.

1930 também foi o ano do primeiro filme falado de Greta Garbo, Anne Christie, que foi largamente anunciado com o slogan: “Garbo Fala!” Desde o aparecimento do som, Garbo havia feito sete filmes, e todos mudos. Ela havia visto muitos de seus antigos colegas encerrarem suas carreiras porque ou não falavam bem ou suas vozes não eram o que o público esperava. Ela era a grande estrela da MGM e possuía um sotaque muito acentuado. A preocupação do estúdio era grande, inclusive porque para continuar sua carreira de sucesso, ela deveria fazer a transição para o som. A demora de mais três anos foi uma decisão sábia. Em 1930 a qualidade do som havia melhorado muito em comparação ao início, e o público acabou ficando encantado com a primeira fala de Garbo no cinema:” Gimme a whisky with ginger ale on the side and don´t be stingy, baby”. Um crítico descreveu sua voz como rica, voluptuosa, límpida e sonora.
Outros capítulos da História do Cinema no Arquivo do Sintomnizado
volta para cima


O Aparecimento do Som - Parte 8
Impulsionada pelo sucesso ameriano de Anne Christie, Garbo fez logo em seguida a versão alemã e sueca deste filme. As práticas que Hollywood exercia para garantir seu mercado internacional eram basicamente duas: a primeira, patentear todos os sistemas de som mais eficientes e, a segunda, fazer versões estrangeiras de seus filmes. E eram versões integrais, pois os atores não eram dublados, nem usava-se legenda.

Agora que Garbo havia finalmente entrado na era do som, não havia mais dúvida que o filme falado tinha vindo para ficar, mesmo embora Hollywood ainda não estivesse plenamente satisfeita. Sylvia Sidney recorda que quando chegou de Nova Yorque em 1929, todos diziam para ela: “Os anos dourados de Hollywood acabaram. Agora nós temos uma Hollywood sem glamour porque todos vocês vem da Broadway para fazer filmes.”

Financeiramente, a época dourada estava para começar, mas uma outra havia chegado ao fim. Um efeito disto foi colocar um poder inimaginável na mão dos grandes estúdios e seus escritórios em Nova Yorque. Outro foi ter eclipsado muitos astros e estrelas que estiveram entre os maiores do mundo. O ator alemão Emil Jannings, que em 1927/28 havia ganhado dois Oscar de melhor ator por sua participação em The Way of All Flesh e The Last Command (ambos filmes mudos), estava entre estas personalidades.

Mas a mais famosa vítima foi John Gilbert. Ele era um dos astros mais famosos do cinema mudo, o equivalente masculino de Greta Garbo (com quem co-estrelou inúmeros filmes), e o som pôs fim a sua carreira. Normalmente, o motivo alegado por sua queda era a voz inadequada. Acredita-se, entretanto, que isto seja parte da história. O problema mesmo eram as dores de cabeça que sua presença provocava. Além de discussões constantes com Louis B. Mayer, diretor do estúdio, o ele tinha problemas graves com o álcool. Há quem afirme que Mayer odiava tanto Gilbert que deliberadamente distorceu sua voz em His Glorious Night (1929) que supostamente faria sua grande passagem para o filme falado. Verdade ou não, o público achou sua voz engraçada e muito mais suave do que eles esperavam. 

O que torna a acusação contra Mayer mais verossímel é que em seus filmes subseqüentes o ator mostrou ter uma voz bem mais agradável, sem nenhuma comparação ao que foi mostrado em His Glorious Night. Por outro lado, parece loucura que o diretor de um estúdio quisesse destruir a carreira de seu astro mais precioso e que tinha apenas 32 anos na época. O fato é que, depois de mais um ou dois filmes falados, a MGM perdeu o interesse por ele.
volta para cima





Dogma 95: o manifesto cinematográfico dinamarquês

Um grupo de diretores da Dinamarca agitou o cinema europeu ao lançar o Dogma 95, manifesto que defende um cinema baseado em 10 “mandamentos”, que são conhecidos como Voto de Castidade: 

1. A filmagem deve ser feita na própria locação, sem cenários construídos
2. O som nunca deve ser produzido separado das imagens ou vice-versa. Música não deve ser usada, a não ser que ocorra no momento em que a cena estiver sendo filmada. 
3. A câmera deve ser movimentada manualmente
4.O filme deve ser colorido, e qualquer efeito de luz é proibido
5. Efeitos especias e filtros são proibidos
6. O filme não deve conter ação superfical como assassinatos, explosões, etc
7. O filme deve estar bem definido no tempo e espaço
8. Filmes autorais são proibidos 
9. O filme deve ser Academy 35 mm. 
10. O diretor não deve ser creditado

“Mifune” e “Festa em Família”, que foi inclusive indicado ao Oscar de filme estrangeiro, são alguns dos exemplos desse dogmatismo dinamarquês. “Mifune” dirigido por Soren Kragh-Jacobsen, conta a história de um rapaz que tem de voltar à casa de seu pai, depois da morte deste. Lá reencontra seu irmão, um deficiente mental. Para cuidar dele, contrata uma bela mulher, por quem acaba se apaixonando. O título é uma referência ao ator japonês Toshiro Mifune.

Para conhecer melhor o Dogma 95:

Site Oficial  : http://www.dogme95.dk/
volta para cima